quinta-feira, 28 de março de 2013

Eucaristia, manjar de vida

É muito belo, meus irmãos,
passar de uma festa para
outra, de uma oração para
outra, de uma solenidade
para outra. Aproxima-se o
tempo que nos traz um novo
início e o anúncio da Santa
Páscoa, na qual o Senhor foi
imolado.

Do Seu alimento nos
sustentamos como de um
manjar de vida, e a nossa
alma delicia-se com o
Sangue precioso de Cristo
como numa fonte. Contudo,
temos sempre sede desse
Sangue, sempre O desejamos
ardentemente, mas o nosso
Salvador está perto daqueles
que têm sede, e na Sua
bondade, convida todos os
corações sedentos para o
grande dia da festa, dizendo:
“Se alguém tem sede, venha
a mim, e beba” (Jo 7,37).

Sempre que nos aproximamos
d'Ele para beber, Ele nos
mata a sede; sempre que
pedimos, podemos nos
aproximar do Senhor. A graça
é própria desta celebração
festiva, não se limita apenas
a um determinado momento;
nem seus raios fulgurantes
conhecem ocaso, mas estão
sempre prontos para iluminar
as almas de todos que o
desejam. Exerce contínua
influência sobre aqueles que
já foram iluminados e se
debruçam, dia e noite, sobre
a Sagrada Escritura. Estes
são como aquele homem que
o Salmo proclama feliz
quando afirma: “Feliz aquele
homem que não anda
conforme o conselho dos
perversos; não entra no
caminho dos malvados nem
junto aos zombadores vai
sentar-se; mas encontra seu
prazer na lei de Deus e a
medita, dia e noite, sem
cessar” (Sl 1,1-2).
Por outro lado, amados
irmãos, o Deus que, desde o
princípio, instituiu esta festa
para nós, concede-nos a
graça de celebrá-la cada
ano. Ele que, para nossa
salvação, entregou à morte
Seu próprio Filho, pelo
mesmo motivo nos
proporciona esta santa
solenidade que não tem igual
no decurso do ano.

Esta festa nos sustenta no
meio das aflições que
encontramos neste mundo.
Por ela, Deus nos concede a
alegria da salvação e nos faz
amigos uns dos outros.
Conduz-nos a uma única
assembleia, unindo
espiritualmente a todos em
todo lugar, concedendo-nos
orar em comum e render
comuns ações de graças,
como deve-se fazer em toda
festividade. É este um
milagre de sua bondade:
congrega, nesta festa, os que
estão longe e reúne, na
unidade da fé, os que,
porventura, encontram-se
fisicamente afastados.

Santo Atanásio, Bispo –
Século IV
(Trecho extraído do livro
“Alimento Sólido” de Prof.
Felipe Aquino )

Família, escola do perdão e da vida

Sabe qual é a maior família
que existe? É a que nós
possuímos, por mais frágil e
complicada que ela seja.
Sabe qual é o pior inimigo do
real? Pensou? O pior inimigo
do real – da família real,
daquela que temos – é o
ideal. É aquela “ideia” que
carregamos acerca de um
modelo, cuja realidade toda é
“obrigada” a se adequar, mas
que – definitivamente – não
corresponde à nossa
realidade.

Nem sempre o real
corresponderá aos nossos
ideais, e quase perenemente
precisaremos, com leveza e
maturidade, nos reconciliar
com o real para podermos, a
partir dele, construir uma
encarnada felicidade. A
felicidade só será possível a
partir da verdade e da
realidade que,
verdadeiramente, nos
compõem.
Como dizia o poeta: “Eu sei
que a vida devia ser bem
melhor e será, mas isso não
impede que eu repita: é
bonita, é bonita e é bonita
(Gonzaguinha). E por mais
que a vida nos apresente
problemas e deformidades,
ela sempre será um palco de
belezas no qual precisaremos
protagonizar nossa história.

Nossos familiares são mesmo,
inúmeras vezes, imperfeitos
e muito difíceis de conviver.
Todavia, é no solo dessa
verdade (de nossa verdade)
que precisamos nos assumir
e, com bravura e heroísmo,
nos lançar na construção da
felicidade e de suas
específicas exigências.
Precisamos amar e valorizar
a família que temos: o pai, a
mãe, os irmãos que Deus nos
deu, independentemente de
como são. Sem dúvida, isso
não é fácil e se revela como
realidade muito desafiadora.
Entretanto, ninguém poderá
construir uma vida
verdadeiramente feliz sem
ter a consciência tranquila
pelo fato de ter lutado pelos
seus e de não os ter
abandonado em virtude de
suas fraquezas.

Percebo como muito sábio e
real o ditado que diz: “Quer
conhecer alguém? É só
observar como ele trata seus
pais”, pois uma consciente e
constante atitude de desamor
com relação aos próprios pais
revela uma séria e profunda
deficiência no caráter e na
forma de se relacionar.
Nossos familiares (os pais e
os demais) manifestam
nossas raízes e nossa
identidade, e negá-los seria
negarmos a nós mesmos.
Nossa família sempre
oferecerá possibilidades, seja
por meio de alegrias ou de
dores, para nos tornarmos
pessoas melhores. Nela,
poderemos viver a relação e
a abertura aos demais (não
sem conflitos, é claro), assim
compreendendo que não
somos o centro “absoluto” do
mundo.

Na família aprendemos –
por bem ou por mal - a
repartir o que temos e o que
somos, com a possibilidade
de, constantemente,
frequentar a escola do
perdão. Assim aprenderemos
a oferecer, aos outros e a nós
mesmos, uma nova chance
diante de cada circunstância
ou erro cometido.
Pela família aprendemos a
compreender a imensa
fragilidade humana que
envolve a todos, percebendo-
nos também como seres
fracos e constantemente
necessitados de ajuda e
atenção.

Enfim, a família é uma
escola de vida e de
construção da felicidade;
nela, o ser tem espaço para,
de fato, “ser” e acontecer.

(Trecho extraído do livro
"Construindo a felicidade" )

quarta-feira, 27 de março de 2013

A IGREJA DOS POBRES

O Papa Francisco disse,
durante o encontro com
jornalistas, na semana de sua
eleição como Sucessor do
Apóstolo Pedro, que a Igreja
deve ser, especialmente, dos
mais pobres. Esse é o desejo
mais profundo do coração de
Deus. Jesus, na admirável
passagem sobre o juízo final,
narrada em parábolas pelo
evangelista Mateus,
sublinhou: “Todas as vezes
que fizestes isto a um destes
meus irmãos pequeninos, foi
a mim mesmo que o
fizestes” (Mt 25, 40). Jesus
deixa, assim, uma clara lição
aos seus discípulos, que deve
ser sempre assumida pela
Igreja como importante
compromisso.

O Concílio Vaticano II, na
Constituição Pastoral
Gaudium et Spes, afirma que
“as alegrias e esperanças, as
tristezas e as angústias dos
homens de hoje, sobretudo
dos pobres e daqueles que
sofrem, são também as
alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos
discípulos de Cristo; e não há
realidade alguma
verdadeiramente humana
que não encontre eco no seu
coração”. Assim, a voz do
Papa Francisco, fazendo
ecoar este desejo e sonho de
Jesus, reacende no coração
da Igreja a chama da opção
preferencial pelos pobres.
Essa opção, na sua força
espiritual e suas
consequências concretas na
vida e nos empenhos, é um
indispensável remédio que
modula a Igreja, povo de
Deus, comunidade de
discípulos com as orientações
de seu Mestre e Senhor.

'Gesto primeiro e permanente
é contemplar os rostos dos
sofredores que doem em nós',
sublinha o Documento de
Aparecida, fruto da 5ª
Conferência dos Bispos
Latino-Americanos e
Caribenhos, focalizando as
pessoas que vivem nas ruas
das grandes cidades, as
vítimas da violência familiar,
os migrantes, os enfermos, os
dependentes de drogas,
encarcerados, os que
carregam o peso e as
consequências da
discriminação, preconceitos,
falta de oportunidades, além
dos excluídos da participação
cidadã. O Papa Francisco,
que esteve presente e
participou de maneira
decisiva da 5ª Conferência,
convida a Igreja a viver o
pacto ali assumido e assim
detalhado no Documento de
Aparecida: “comprometemo-
nos a trabalhar para que a
nossa Igreja Latino-
Americana e Caribenha
continue sendo, com maior
afinco, companheira de
nossos irmãos mais pobres,
inclusive até o martírio”.
Francisco indica um caminho
que para ser percorrido, com
eficácia, precisa de vigor
espiritual, de coragem, da
profecia e da alegria
verdadeira que só brota no
coração de quem
compreende bem o desejo de
Deus. A Igreja está, pois, pela
palavra e gestos do Papa, a
revisitar os tesouros da fé
cristã, banhando-se neles
para alcançar uma
compreensão espiritual capaz
de conferir novos rumos à
vida pessoal, organização
eclesial e à sociedade. Uma
via que deve se concretizar
com o modelo da
globalização da solidariedade
e justiça internacional. Esse
compromisso nascido da fé
em Jesus Cristo irradia luz
sobre o caminho renovador
que a Igreja é chamada a
trilhar, com kººº oooforça e tarefa
de inspirar a sociedade a
Lfazer novas escolhas,
responsável que ela é
também pelos pobres da
Terra.

A simplicidade que emerge
de uma Igreja para os pobres
há de alcançar raízes que
tocam o mais profundo das
diversas organizações sociais,
exigindo mais transparência,
singularmente na conduta
pessoal e a coragem de uma
presença profética na vida
dos necessitados, nas
relações sociais e políticas.
São urgentes as ações na
configuração de projetos,
obras, diálogos, cooperação e
comprometimentos que
construam um rosto novo
para a sociedade
contemporânea, sem as rugas
das exclusões produzidas ou
das corrupções praticadas.
Que a Igreja renove sempre
sua opção preferencial pelos
pobres, realizando projetos
grandes ou pequenos, de
menor ou maior significação,
para reencontrar o ouro de
sua fé e os caminhos para
que ninguém sofra da mais
terrível pobreza: a distância
de Deus. Contemplar-se
como Igreja para os pobres é
viver uma recuperação
pujante, revisão humilde e
corajosa de atitudes, no
compromisso com o bem e
com a verdade, anunciando o
Reino de Deus. O broto de
esperança desse tempo
guarda potencial inesgotável
para a novidade da Igreja de
Cristo, no cumprimento de
sua missão ampla e
complexa, de ser dos pobres
para os pobres.

Dom Walmor Oliveira de
Azevedo
Arcebispo metropolitano de
Belo Horizonte (MG)

Família, escola do Perdão e da Vida

Sabe qual é a maior família
que existe? É a que nós
possuímos, por mais frágil e
complicada que ela seja.
Sabe qual é o pior inimigo do
real? Pensou? O pior inimigo
do real – da família real,
daquela que temos – é o
ideal. É aquela “ideia” que
carregamos acerca de um
modelo, cuja realidade toda é
“obrigada” a se adequar, mas
que – definitivamente – não
corresponde à nossa
realidade.
Nem sempre o real
corresponderá aos nossos
ideais, e quase perenemente
precisaremos, com leveza e
maturidade, nos reconciliar
com o real para podermos, a
partir dele, construir uma
encarnada felicidade. A
felicidade só será possível a
partir da verdade e da
realidade que,
verdadeiramente, nos
compõem.
Como dizia o poeta: “Eu sei
que a vida devia ser bem
melhor e será, mas isso não
impede que eu repita: é
bonita, é bonita e é bonita
(Gonzaguinha). E por mais
que a vida nos apresente
problemas e deformidades,
ela sempre será um palco de
belezas no qual precisaremos
protagonizar nossa história.

Nossos familiares são mesmo,
inúmeras vezes, imperfeitos
e muito difíceis de conviver.
Todavia, é no solo dessa
verdade (de nossa verdade)
que precisamos nos assumir
e, com bravura e heroísmo,
nos lançar na construção da
felicidade e de suas
específicas exigências.
Precisamos amar e valorizar
a família que temos: o pai, a
mãe, os irmãos que Deus nos
deu, independentemente de
como são. Sem dúvida, isso
não é fácil e se revela como
realidade muito desafiadora.
Entretanto, ninguém poderá
construir uma vida
verdadeiramente feliz sem
ter a consciência tranquila
pelo fato de ter lutado pelos
seus e de não os ter
abandonado em virtude de
suas fraquezas.
Percebo como muito sábio e
real o ditado que diz: “Quer
conhecer alguém? É só
observar como ele trata seus
pais”, pois uma consciente e
constante atitude de desamor
com relação aos próprios pais
revela uma séria e profunda
deficiência no caráter e na
forma de se relacionar.
Nossos familiares (os pais e
os demais) manifestam
nossas raízes e nossa
identidade, e negá-los seria
negarmos a nós mesmos.
Nossa família sempre
oferecerá possibilidades, seja
por meio de alegrias ou de
dores, para nos tornarmos
pessoas melhores. Nela,
poderemos viver a relação e
a abertura aos demais (não
sem conflitos, é claro), assim
compreendendo que não
somos o centro “absoluto” do
mundo.
Na família aprendemos –
por bem ou por mal - a
repartir o que temos e o que
somos, com a possibilidade
de, constantemente,
frequentar a escola do
perdão. Assim aprenderemos
a oferecer, aos outros e a nós
mesmos, uma nova chance
diante de cada circunstância
ou erro cometido.
Pela família aprendemos a
compreender a imensa
fragilidade humana que
envolve a todos, percebendo-
nos também como seres
fracos e constantemente
necessitados de ajuda e
atenção.
Enfim, a família é uma
escola de vida e de
construção da felicidade;
nela, o ser tem espaço para,
de fato, “ser” e acontecer.

(Trecho extraído do livro
"Construindo a felicidade" )

terça-feira, 26 de março de 2013

O que significa rezar com qualidade?

Reza com qualidade quem
compreendeu que na vida
espiritual - a qualidade - é
uma virtude alcançada por
quem é fiel. É a fidelidade,
portanto, a virtude maior
quando se trata da vida
oração. Isso significa que
mais alcança qualidade quem
reza todos os dias, mesmo
que seja por pouco tempo.
Todo dia, todo dia, 'todia'...
Mesmo pouquinho, com
grande coragem... Mesmo
entre dores e incertezas,
rezar, rezar e rezar! Jamais
esqueça: o segredo é a
fidelidade! Quem é fiel tem
qualidade! Estou rezando
com você!

NA IGREJA TUDO EXISTE A PARTIR DA PÁSCOA

O ano litúrgico como hoje o
conhecemos pretende levar
os católicos a celebrar
sacramentalmente a pessoa
de Jesus Cristo como
"memória", "presença",
"profecia". Na Igreja
primitiva, o mistério, a
celebração, a pregação, a
vida cristã tiveram um único
centro: a Páscoa - o culto da
Igreja primitiva nasceu da
Páscoa e para celebrar a
Páscoa.
No início da vida cristã
encontra-se o Domingo
como única festa, com a
única denominação de "Dia
do Senhor". Por influência
das comunidades cristãs
provenientes do judaísmo,
surgiu depois um "grande
Domingo", como celebração
anual da Páscoa. A partir do
séc. IV, com os decretos que
garantiam a liberdade de
culto aos cristãos,
começaram-se a celebrar na
Terra Santa os
acontecimentos da Paixão e
morte de Jesus Cristo, nos
locais e às horas em que
eram relatados nos
Evangelhos.
Nasceu assim a Semana
Santa e os peregrinos
estenderam este uso a todas
as igrejas. A celebração do
batismo na noite de Páscoa,
já em uso no século III, e a
disciplina penitencial com a
reconciliação dos penitentes
na manhã de Quinta-feira
Santa, já no século V, fizeram
nascer também o período
preparatório da Páscoa, ou
seja, a Quaresma, inspirada
nos "quarenta dias bíblicos".
A Semana Santa apresenta-
se, neste contexto, como a
Semana Maior do ano
litúrgico. Graças à peregrina
Egéria, que viveu no final do
século IV, conhecemos os
rituais que envolviam estas
celebrações no princípio do
Cristianismo. Ela descreve
em seu livro "Itinerarium" a
liturgia que se desenvolveu
em Jerusalém, teatro das
últimas horas de vida de
Jesus, e compreende o
intervalo de tempo que vai
do Domingo de Ramos à
Páscoa.
Na Idade Média, esta semana
era chamada a "semana
dolorosa", porque a Paixão de
Cristo era dramatizada pelo
povo, pondo em destaque os
aspectos do sofrimento e da
compaixão. Atualmente,
muitas igrejas locais dão
ainda vida a essa tradição
dramática, que se desenrola
em procissões e
representações da Paixão de
Jesus. Percurso celebrativo A
celebração dos mistérios da
Redenção, realizados por
Jesus nos últimos dias da sua
vida, começa pela sua
entrada messiânica em
Jerusalém. O Domingo de
Ramos abriu solenemente a
Semana Santa, com a
lembrança das Palmas e da
Paixão do Senhor.
Duas celebrações marcam a
Quinta-feira santa: a Missa
Crismal e a Missa da Ceia do
Senhor. Antigamente, na
manhã deste dia celebrava-
se o rito da reconciliação dos
penitentes, a quem tinha sido
imposto o cilício em quarta-
feira de cinzas. Hoje, a
manhã é preenchida pela
Missa Crismal, que reúne em
torno do Bispo o clero da
Diocese e são abençoados os
óleos dos catecúmenos e dos
enfermos e consagrado o
Santo Óleo do Crisma.
A origem da bênção dos óleos
santos e do sagrado crisma é
romana, embora o rito tenha
marcas galicanas. Em
conformidade com a tradição
latina, a bênção do óleo dos
doentes faz-se antes da
conclusão da oração
eucarística; a bênção do óleo
dos catecúmenos e do crisma
é dada depois da comunhão.
Permite-se, todavia, por
razões pastorais, cumprir
todo o rito de bênção depois
da liturgia da Palavra,
conservando, porém, a ordem
indicada no próprio rito. Com
a Missa vespertina da Ceia do
Senhor tem início o Tríduo
Pascal da Paixão, Morte e
Ressurreição do Senhor. É
comemorada a instituição
dos Sacramentos da
Eucaristia e da Ordem e o
mandamento do Amor (o
gesto do lava-pés).
A simbologia do sacrifício é
expressa pela separação dos
dois elementos "o pão" e "o
vinho". Esse evento do
mistério de Jesus também se
tornou manifesto no gesto do
lava-pés. Depois do longo
silêncio quaresmal, a liturgia
canta o Glória. No final da
Missa, o Santíssimo
Sacramento é trasladado para
um outro local, desnudando-
se então os altares. Na Sexta-
feira Santa não se celebra a
missa, tendo lugar a
celebração da morte do
Senhor, com a adoração da
cruz.
O silêncio, o jejum e a
oração marcam este dia. A
celebração da tarde é uma
espécie de drama em três
actos: proclamação da
Palavra de Deus,
apresentação e adoração da
cruz, comunhão. O Sábado
Santo é dia alitúrgico: a
Igreja debruça-se, no silêncio
e na meditação, sobre o
sepulcro do Senhor. A única
celebração primitiva parece
ter sido o jejum.
A Vigília Pascal é a “mãe de
todas as celebrações” da
Igreja. Celebra-se a
Ressurreição de Cristo, a Luz
que ilumina o mundo, e para
transmitir esse simbolismo
deve ser celebrada não antes
do anoitecer e terminada
antes da aurora. Cinco
elementos compõem a
liturgia da Vigília Pascal: a
bênção do fogo novo e do
círio pascal; a proclamação
da Páscoa, que é um canto de
júbilo anunciando a
Ressurreição do Senhor; a
série de leituras sobre a
História da Salvação; a
renovação das promessas do
Batismo e, por fim, a liturgia
Eucarística. Ainda hoje
continua a ser a noite por
excelência do Batismo.

Fonte: Canção Nova

segunda-feira, 25 de março de 2013

Semana Santa: "Deus não se cansa de perdoar"

Celebramos ontem, 24, o
Domingo de Ramos, também
chamado de Domingo da
Paixão, quando iniciamos a
Semana Santa; tempo único
durante o ano para parar,
contemplar e recomeçar um
caminho a exemplo de Jesus.
Eu chamo esta semana de a
“grande semana do perdão”.
O perdão de todas as nossas
falhas, a vida nova
conquistada na Paixão, morte
e ressurreição do Senhor
Jesus.
Estes fatos aconteceram
porque temos um Deus que
nos ama, que tomou por
primeiro a iniciativa de nos
resgatar da miséria humana e
nos cobrir para sempre com a
Sua infinita misericórdia. Por
isso é uma semana especial,
um tempo que revivemos a
cada ano, não como fatos do
passado e sim como
atualização aqui e agora da
presença de Deus que
continua salvando a cada um
de nós, criaturas feitas a Sua
imagem e semelhança.
Ao contemplar o Pai Deus
que em seu Filho Jesus nos
ama perdoando e nos perdoa
amando, nos chama para
realizar aqui e agora a
mesma realidade do amor
perdão entre nós humanos.
Sem merecimento fomos
perdoados por um Deus tão
humano e próximo de nós.
Por que somos tão
mesquinhos em negar o
perdão ou ficar guardando
rancor e raiva de quem com
motivos ou não nos feriu em
nossos sentimentos?
Nas nossas relações humanas
nunca se deve buscar
culpados e sim estabelecer
relações verdadeiras, no
amor desinteressado,
construindo o que nos
aproxima e nunca o que nos
divide.
Nesta semana os fatos que
vamos reviver começam na
quinta-feira às 9h30 na
Catedral com a missa da
benção dos óleos do crisma,
do batismo e dos enfermos.
Na presença de todos os
presbíteros, os quais renovam
nesta missa os compromissos
presbiterais, pois foi na
quinta- feira que Jesus
instituiu a Eucaristia e o
presbiterato.
Esta celebração marca o
início de todos os fatos de
nossa salvação. À noite, em
todas as igrejas, haverá
celebração da Ceia do
Senhor com o lava pés.
Relembrando aquele gesto e
aquelas palavras de Jesus:
“Se eu Mestre e Senhor
lavei-vos os pés, vos deveis
lavar os pés uns dos outros”.
Naquela memorável noite
Jesus deixa a sua presença
nas espécies de pão e vinho
dizendo: “Isto é meu corpo,
isto é meu sangue, fazei isto
em memória de mim”.
Na Sexta-feira Santa
contemplados a Paixão de
Jesus, às 15h na leitura da
Paixão e nas orações por toda
humanidade. Celebração que
não é a missa; aliás, esse é o
único dia do ano que não
celebramos a missa, mas
distribuímos a Eucaristia,
consagrada na missa de
quinta- feira santa. Sexta-
feira Santa é o dia da morte
do Senhor, quando derrama
do alto da cruz sangue e
água, num grito de salvação:
“Pai em tuas mãos entrego o
meu espírito”.
Contemplamos a cruz,
beijamos a cruz, como sinal
de nosso resgate, como
reconhecimento do imenso
amor de Deus em Jesus por
todos e cada um de nós.
Ninguém como Ele para nos
amar tanto e de tal forma.
Sábado da Vigília Pascal,
abençoamos o fogo, e
acendemos a coluna de cera,
simbolizando a luz de Jesus
que dissipa as trevas e
ilumina a noite do pecado.
Abençoamos a água, vida
nova, nascimento para Deus,
batismo, banho de
regeneração, noite do
aleluia, de um grito de
vitória que culminará na
madrugada de domingo.
Naquela penumbra do
terceiro dia, algumas
mulheres e três apóstolos são
as primeiras testemunhas do
túmulo vazio.
A notícia não parou até hoje.
Continuamos nós também a
proclamar que o Senhor está
vivo. O ressuscitado está no
meio de nós, caminha
conosco, como nos diz o
apóstolo Paulo: “Se Cristo
não tivesse ressuscitado
vazia seria nossa fé”. Essa é
a nossa Páscoa, vida nova em
Cristo Deus que não se cansa
de perdoar.

Fonte: Canção Nova

Como viver a Semana Santa?

Num clima de alegria e
esperança, provocado pela
ascensão ao pontificado
petrino do Papa Francisco,
iniciaremos - no Domingo de
Ramos - mais uma Semana
Santa com a entrada triunfal
de Jesus na cidade de
Jerusalém.
Aí começa uma nova fase na
história do povo de Israel,
quando todos se voltam para
a cena da Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus Cristo.
A Semana Santa deve ser um
tempo de recolhimento, de
interiorização e de abertura
do coração e da mente para o
Deus da vida. Significa fazer
uma parada para reflexão e
reconstrução da
espiritualidade, essencial
para o equilíbrio emocional e
segurança no caminho
natural da história de vida
com mais objetividade e
firmeza.
As dificuldades encontradas
não são fracasso nem
caminho sem saída. Elas nos
levam a firmar a esperança
na luta por uma vida sem
obstáculos intransponíveis.
Foi o que aconteceu com
Cristo, no trajeto da Paixão,
culminando com Sua morte
na cruz. Em todo esse
caminho, Ele passou por
diversos atos de humilhação.
A estrada da cruz foi uma
perfeita reveladora da
identidade de Jesus. Ele teve
de enfrentar os atos de
infidelidade e rebeldia do
povo que estava sendo infiel
ao projeto de Deus, inclusive
sendo crucificado entre
malfeitores. Jesus partilha da
mesma sorte e dos mesmos
sofrimentos dos assassinos e
ladrões de sua época.
Na Semana Santa devemos
associar ao sofrimento de
Cristo o mesmo que acontece
com tantas famílias e pessoas
violentadas em nosso tempo.
Podemos dizer da violência
armada, dos trágicos
acidentes de trânsito, das
doenças que causam morte,
do surto da dengue, dos vícios
que ceifam muita gente, etc.
Jesus foi açoitado,
esbofeteado, teve a barba
arrancada, foi insultado e
cuspido. O detalhe principal
é que nenhum sofrimento O
fez desistir de Sua missão
nem ter atitude de vingança.
Ele deixou claro que o
perdão é mais forte do que a
vingança.
Devemos aprender com Ele e
olhar a vida de forma
positiva, sabendo que seu
destino é projetado para a
eternidade em Deus.

Dom Paulo M. Peixoto -
Arcebispo de Uberaba (MG)

VAI E MÃO VOLTE A PECAR

O Evangelho descreve uma
cena dramática: uma mulher
pega em adultério está para
ser apedrejada até a morte.
O Levítico prescreve: “O
homem que cometer
adultério com a mulher do
próximo deverá morrer, tanto
ele como a mulher com
quem cometeu o delito.
Os escribas e os fariseus, que
se dizem justos, são os que
conduzem a mulher até
Jesus. Mas onde está o
homem envolvido no mal?
De fato, a Lei de Moisés
interditava o adultério, como
eles diziam. A pergunta deles
é para colocá-Lo à prova. O
silêncio de Jesus revela o
pecado dos acusadores, os
quais vão se retirando um a
um. No face a face entre a
mulher e Jesus, em que a
verdade de cada um é
iluminada, a palavra de Jesus
liberta, mostra a misericórdia
de Deus e abre um caminho
novo: “Ninguém te
condenou? Eu também não
te condeno! Vai e, de agora
em diante, não peques mais.”
O pecado dos fariseus e dos
homens religiosos de Israel,
em geral, consistia nisto:
condenar os fracos; nesse
caso, uma mulher pecadora,
e eximirem a si mesmos da
culpa e do castigo. Sem nos
apercebermos, constituimo-
nos como juízes e ditamos
sentenças a torto e a direito.
Descobrimos que, no mundo,
quase ninguém é perfeito,
mas pensamos em nosso
íntimo que nós mesmos o
somos. Basta escutar o tom
das críticas, a
autossuficiência das opiniões
que expomos, as “denúncias
proféticas” que emitimos, de
vez em quando, para
descobrir como esse toque
farisaico se aninha em nós.
A solução para tudo isso não
é o “vale tudo”. Jesus não
condenou a mulher, mas não
a deixou ir embora
simplesmente. Convidou-a a
seguir no futuro um caminho
diferente.
Jesus valorizava muito a
fidelidade à aliança. Ele era
um homem de palavra, de
compromisso. A mulher que
estava diante dele havia
rompido a aliança do
casamento, havia se oposto à
vontade do Criador, pois “no
princípio não era assim”.
Jesus sabia também que um
homem – que estava fora do
cenário – havia
compartilhado com ela dessa
ruptura da aliança e que
ambos haviam se
transformado em símbolos de
um povo infiel ao amor de
Deus.
Jesus a convida a um novo
começo. Ele também
descobre outros rompimentos
da aliança entre os
acusadores: “Quem estiver
sem pecado, atire a primeira
pedra.” E escreve no chão
várias vezes. Não sabemos
com certeza plena o que Ele
escrevia. Nesse gesto,
podemos descobrir o dedo de
Deus reescrevendo seu
compromisso de aliança na
areia movediça e frágil das
decisões humanas.
Que o nosso coração se abra
para receber essas lições e
também para nos colocarmos
como protagonistas desta
cena descrita no Evangelho,
a fim de que possamos
aparar nossas arestas.

+ Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de
Fora (MG)

A MATURIDADE DA IGREJA

Durante muitos séculos da
História da Igreja, sobretudo
por ocasião dos Conclaves
para eleger o novo Pontífice,
as interferências políticas
dos governos foram brutais.
Reis, imperadores, ditadores
e presidentes procuravam
influenciar diretamente nas
eleições do Papa: “Diga aos
cardeais que o meu
candidato é fulano”, ou
“Informe os eleitores que
não aceitarei como Papa
beltrano” ou ainda “Todos
saibam que a eleição de
sicrano provocará
rompimento com a Santa
Sé”. Com o correr dos
séculos, a Igreja aprendeu a
livrar-se de tais
interferências.
Nos tempos modernos, surgiu
um novo modelo de impor
candidatos: é a pressão
midiática, as pesquisas de
opinião, as casas de apostas,
as declarações de
“vaticanistas”. A intenção de
tais manipulações –
completamente irreais – é
fazer a cabeça dos cardeais
e, assim, colocar, no poder, as
pessoas de seus interesses,
que sigam as linhas de
atuação prescritas pelos
autores.
A eleição do Papa Francisco
veio demonstrar a liberdade
de espírito do Colégio
Cardinalício. Votaram
conforme a sua consciência.
Isso causa em todos os
católicos uma tranquilidade e
segurança quanto à lisura da
escolha.
O caso atual (sem pôr em
dúvida os últimos dez Papas),
comprova que a preocupação
não é a política ou outros
interesses menores. A
preocupação é bíblica: “É
preciso que um deles se junte
a nós para testemunhar a
ressurreição” (At 1,22).
Em outras palavras, o Papa
deve ser alguém que “viu o
Cristo”, e d'Ele dê
testemunho a partir de sua
experiência de vida.
Pelas apresentações até
agora ocorridas, percebe-se
que o Papa Francisco é um
homem de profundo trato
com o “Mestre e Senhor”. É
um homem de fé e oração
simples, até popular.
Os “hermanos” vão permitir
que, numa espécie de fogo
amigo, eu repita o bom
humor da minha roda de
amigos: “Enfim, um
argentino humilde!” Ou
ainda: “É a primeira vez que
se vê brasileiros trabalhando
em favor de um argentino”.
A escolha foi feliz, porque
ele [Papa Francisco] é uma
testemunha autêntica de
Jesus. Embora a idade não
permita atrasos, pela graça
do Espírito Santo ele
produzirá frutos em honra do
Pai.
Pedimos ao Senhor que o
abençoe e ao povo que o
acolha como legítimo
sucessor de Pedro.
Dom Aloísio Roque
Oppermann, scj
Arcebispo Emérito de
Uberaba