quarta-feira, 27 de março de 2013

A IGREJA DOS POBRES

O Papa Francisco disse,
durante o encontro com
jornalistas, na semana de sua
eleição como Sucessor do
Apóstolo Pedro, que a Igreja
deve ser, especialmente, dos
mais pobres. Esse é o desejo
mais profundo do coração de
Deus. Jesus, na admirável
passagem sobre o juízo final,
narrada em parábolas pelo
evangelista Mateus,
sublinhou: “Todas as vezes
que fizestes isto a um destes
meus irmãos pequeninos, foi
a mim mesmo que o
fizestes” (Mt 25, 40). Jesus
deixa, assim, uma clara lição
aos seus discípulos, que deve
ser sempre assumida pela
Igreja como importante
compromisso.

O Concílio Vaticano II, na
Constituição Pastoral
Gaudium et Spes, afirma que
“as alegrias e esperanças, as
tristezas e as angústias dos
homens de hoje, sobretudo
dos pobres e daqueles que
sofrem, são também as
alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos
discípulos de Cristo; e não há
realidade alguma
verdadeiramente humana
que não encontre eco no seu
coração”. Assim, a voz do
Papa Francisco, fazendo
ecoar este desejo e sonho de
Jesus, reacende no coração
da Igreja a chama da opção
preferencial pelos pobres.
Essa opção, na sua força
espiritual e suas
consequências concretas na
vida e nos empenhos, é um
indispensável remédio que
modula a Igreja, povo de
Deus, comunidade de
discípulos com as orientações
de seu Mestre e Senhor.

'Gesto primeiro e permanente
é contemplar os rostos dos
sofredores que doem em nós',
sublinha o Documento de
Aparecida, fruto da 5ª
Conferência dos Bispos
Latino-Americanos e
Caribenhos, focalizando as
pessoas que vivem nas ruas
das grandes cidades, as
vítimas da violência familiar,
os migrantes, os enfermos, os
dependentes de drogas,
encarcerados, os que
carregam o peso e as
consequências da
discriminação, preconceitos,
falta de oportunidades, além
dos excluídos da participação
cidadã. O Papa Francisco,
que esteve presente e
participou de maneira
decisiva da 5ª Conferência,
convida a Igreja a viver o
pacto ali assumido e assim
detalhado no Documento de
Aparecida: “comprometemo-
nos a trabalhar para que a
nossa Igreja Latino-
Americana e Caribenha
continue sendo, com maior
afinco, companheira de
nossos irmãos mais pobres,
inclusive até o martírio”.
Francisco indica um caminho
que para ser percorrido, com
eficácia, precisa de vigor
espiritual, de coragem, da
profecia e da alegria
verdadeira que só brota no
coração de quem
compreende bem o desejo de
Deus. A Igreja está, pois, pela
palavra e gestos do Papa, a
revisitar os tesouros da fé
cristã, banhando-se neles
para alcançar uma
compreensão espiritual capaz
de conferir novos rumos à
vida pessoal, organização
eclesial e à sociedade. Uma
via que deve se concretizar
com o modelo da
globalização da solidariedade
e justiça internacional. Esse
compromisso nascido da fé
em Jesus Cristo irradia luz
sobre o caminho renovador
que a Igreja é chamada a
trilhar, com kººº oooforça e tarefa
de inspirar a sociedade a
Lfazer novas escolhas,
responsável que ela é
também pelos pobres da
Terra.

A simplicidade que emerge
de uma Igreja para os pobres
há de alcançar raízes que
tocam o mais profundo das
diversas organizações sociais,
exigindo mais transparência,
singularmente na conduta
pessoal e a coragem de uma
presença profética na vida
dos necessitados, nas
relações sociais e políticas.
São urgentes as ações na
configuração de projetos,
obras, diálogos, cooperação e
comprometimentos que
construam um rosto novo
para a sociedade
contemporânea, sem as rugas
das exclusões produzidas ou
das corrupções praticadas.
Que a Igreja renove sempre
sua opção preferencial pelos
pobres, realizando projetos
grandes ou pequenos, de
menor ou maior significação,
para reencontrar o ouro de
sua fé e os caminhos para
que ninguém sofra da mais
terrível pobreza: a distância
de Deus. Contemplar-se
como Igreja para os pobres é
viver uma recuperação
pujante, revisão humilde e
corajosa de atitudes, no
compromisso com o bem e
com a verdade, anunciando o
Reino de Deus. O broto de
esperança desse tempo
guarda potencial inesgotável
para a novidade da Igreja de
Cristo, no cumprimento de
sua missão ampla e
complexa, de ser dos pobres
para os pobres.

Dom Walmor Oliveira de
Azevedo
Arcebispo metropolitano de
Belo Horizonte (MG)

Família, escola do Perdão e da Vida

Sabe qual é a maior família
que existe? É a que nós
possuímos, por mais frágil e
complicada que ela seja.
Sabe qual é o pior inimigo do
real? Pensou? O pior inimigo
do real – da família real,
daquela que temos – é o
ideal. É aquela “ideia” que
carregamos acerca de um
modelo, cuja realidade toda é
“obrigada” a se adequar, mas
que – definitivamente – não
corresponde à nossa
realidade.
Nem sempre o real
corresponderá aos nossos
ideais, e quase perenemente
precisaremos, com leveza e
maturidade, nos reconciliar
com o real para podermos, a
partir dele, construir uma
encarnada felicidade. A
felicidade só será possível a
partir da verdade e da
realidade que,
verdadeiramente, nos
compõem.
Como dizia o poeta: “Eu sei
que a vida devia ser bem
melhor e será, mas isso não
impede que eu repita: é
bonita, é bonita e é bonita
(Gonzaguinha). E por mais
que a vida nos apresente
problemas e deformidades,
ela sempre será um palco de
belezas no qual precisaremos
protagonizar nossa história.

Nossos familiares são mesmo,
inúmeras vezes, imperfeitos
e muito difíceis de conviver.
Todavia, é no solo dessa
verdade (de nossa verdade)
que precisamos nos assumir
e, com bravura e heroísmo,
nos lançar na construção da
felicidade e de suas
específicas exigências.
Precisamos amar e valorizar
a família que temos: o pai, a
mãe, os irmãos que Deus nos
deu, independentemente de
como são. Sem dúvida, isso
não é fácil e se revela como
realidade muito desafiadora.
Entretanto, ninguém poderá
construir uma vida
verdadeiramente feliz sem
ter a consciência tranquila
pelo fato de ter lutado pelos
seus e de não os ter
abandonado em virtude de
suas fraquezas.
Percebo como muito sábio e
real o ditado que diz: “Quer
conhecer alguém? É só
observar como ele trata seus
pais”, pois uma consciente e
constante atitude de desamor
com relação aos próprios pais
revela uma séria e profunda
deficiência no caráter e na
forma de se relacionar.
Nossos familiares (os pais e
os demais) manifestam
nossas raízes e nossa
identidade, e negá-los seria
negarmos a nós mesmos.
Nossa família sempre
oferecerá possibilidades, seja
por meio de alegrias ou de
dores, para nos tornarmos
pessoas melhores. Nela,
poderemos viver a relação e
a abertura aos demais (não
sem conflitos, é claro), assim
compreendendo que não
somos o centro “absoluto” do
mundo.
Na família aprendemos –
por bem ou por mal - a
repartir o que temos e o que
somos, com a possibilidade
de, constantemente,
frequentar a escola do
perdão. Assim aprenderemos
a oferecer, aos outros e a nós
mesmos, uma nova chance
diante de cada circunstância
ou erro cometido.
Pela família aprendemos a
compreender a imensa
fragilidade humana que
envolve a todos, percebendo-
nos também como seres
fracos e constantemente
necessitados de ajuda e
atenção.
Enfim, a família é uma
escola de vida e de
construção da felicidade;
nela, o ser tem espaço para,
de fato, “ser” e acontecer.

(Trecho extraído do livro
"Construindo a felicidade" )

terça-feira, 26 de março de 2013

O que significa rezar com qualidade?

Reza com qualidade quem
compreendeu que na vida
espiritual - a qualidade - é
uma virtude alcançada por
quem é fiel. É a fidelidade,
portanto, a virtude maior
quando se trata da vida
oração. Isso significa que
mais alcança qualidade quem
reza todos os dias, mesmo
que seja por pouco tempo.
Todo dia, todo dia, 'todia'...
Mesmo pouquinho, com
grande coragem... Mesmo
entre dores e incertezas,
rezar, rezar e rezar! Jamais
esqueça: o segredo é a
fidelidade! Quem é fiel tem
qualidade! Estou rezando
com você!

NA IGREJA TUDO EXISTE A PARTIR DA PÁSCOA

O ano litúrgico como hoje o
conhecemos pretende levar
os católicos a celebrar
sacramentalmente a pessoa
de Jesus Cristo como
"memória", "presença",
"profecia". Na Igreja
primitiva, o mistério, a
celebração, a pregação, a
vida cristã tiveram um único
centro: a Páscoa - o culto da
Igreja primitiva nasceu da
Páscoa e para celebrar a
Páscoa.
No início da vida cristã
encontra-se o Domingo
como única festa, com a
única denominação de "Dia
do Senhor". Por influência
das comunidades cristãs
provenientes do judaísmo,
surgiu depois um "grande
Domingo", como celebração
anual da Páscoa. A partir do
séc. IV, com os decretos que
garantiam a liberdade de
culto aos cristãos,
começaram-se a celebrar na
Terra Santa os
acontecimentos da Paixão e
morte de Jesus Cristo, nos
locais e às horas em que
eram relatados nos
Evangelhos.
Nasceu assim a Semana
Santa e os peregrinos
estenderam este uso a todas
as igrejas. A celebração do
batismo na noite de Páscoa,
já em uso no século III, e a
disciplina penitencial com a
reconciliação dos penitentes
na manhã de Quinta-feira
Santa, já no século V, fizeram
nascer também o período
preparatório da Páscoa, ou
seja, a Quaresma, inspirada
nos "quarenta dias bíblicos".
A Semana Santa apresenta-
se, neste contexto, como a
Semana Maior do ano
litúrgico. Graças à peregrina
Egéria, que viveu no final do
século IV, conhecemos os
rituais que envolviam estas
celebrações no princípio do
Cristianismo. Ela descreve
em seu livro "Itinerarium" a
liturgia que se desenvolveu
em Jerusalém, teatro das
últimas horas de vida de
Jesus, e compreende o
intervalo de tempo que vai
do Domingo de Ramos à
Páscoa.
Na Idade Média, esta semana
era chamada a "semana
dolorosa", porque a Paixão de
Cristo era dramatizada pelo
povo, pondo em destaque os
aspectos do sofrimento e da
compaixão. Atualmente,
muitas igrejas locais dão
ainda vida a essa tradição
dramática, que se desenrola
em procissões e
representações da Paixão de
Jesus. Percurso celebrativo A
celebração dos mistérios da
Redenção, realizados por
Jesus nos últimos dias da sua
vida, começa pela sua
entrada messiânica em
Jerusalém. O Domingo de
Ramos abriu solenemente a
Semana Santa, com a
lembrança das Palmas e da
Paixão do Senhor.
Duas celebrações marcam a
Quinta-feira santa: a Missa
Crismal e a Missa da Ceia do
Senhor. Antigamente, na
manhã deste dia celebrava-
se o rito da reconciliação dos
penitentes, a quem tinha sido
imposto o cilício em quarta-
feira de cinzas. Hoje, a
manhã é preenchida pela
Missa Crismal, que reúne em
torno do Bispo o clero da
Diocese e são abençoados os
óleos dos catecúmenos e dos
enfermos e consagrado o
Santo Óleo do Crisma.
A origem da bênção dos óleos
santos e do sagrado crisma é
romana, embora o rito tenha
marcas galicanas. Em
conformidade com a tradição
latina, a bênção do óleo dos
doentes faz-se antes da
conclusão da oração
eucarística; a bênção do óleo
dos catecúmenos e do crisma
é dada depois da comunhão.
Permite-se, todavia, por
razões pastorais, cumprir
todo o rito de bênção depois
da liturgia da Palavra,
conservando, porém, a ordem
indicada no próprio rito. Com
a Missa vespertina da Ceia do
Senhor tem início o Tríduo
Pascal da Paixão, Morte e
Ressurreição do Senhor. É
comemorada a instituição
dos Sacramentos da
Eucaristia e da Ordem e o
mandamento do Amor (o
gesto do lava-pés).
A simbologia do sacrifício é
expressa pela separação dos
dois elementos "o pão" e "o
vinho". Esse evento do
mistério de Jesus também se
tornou manifesto no gesto do
lava-pés. Depois do longo
silêncio quaresmal, a liturgia
canta o Glória. No final da
Missa, o Santíssimo
Sacramento é trasladado para
um outro local, desnudando-
se então os altares. Na Sexta-
feira Santa não se celebra a
missa, tendo lugar a
celebração da morte do
Senhor, com a adoração da
cruz.
O silêncio, o jejum e a
oração marcam este dia. A
celebração da tarde é uma
espécie de drama em três
actos: proclamação da
Palavra de Deus,
apresentação e adoração da
cruz, comunhão. O Sábado
Santo é dia alitúrgico: a
Igreja debruça-se, no silêncio
e na meditação, sobre o
sepulcro do Senhor. A única
celebração primitiva parece
ter sido o jejum.
A Vigília Pascal é a “mãe de
todas as celebrações” da
Igreja. Celebra-se a
Ressurreição de Cristo, a Luz
que ilumina o mundo, e para
transmitir esse simbolismo
deve ser celebrada não antes
do anoitecer e terminada
antes da aurora. Cinco
elementos compõem a
liturgia da Vigília Pascal: a
bênção do fogo novo e do
círio pascal; a proclamação
da Páscoa, que é um canto de
júbilo anunciando a
Ressurreição do Senhor; a
série de leituras sobre a
História da Salvação; a
renovação das promessas do
Batismo e, por fim, a liturgia
Eucarística. Ainda hoje
continua a ser a noite por
excelência do Batismo.

Fonte: Canção Nova